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segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

Um Homem Adulto



Era tarde, por mais que eu tentasse me apressar, era tarde

Era uma tarde e uma menina chamada Sarah assistia TV no seu quarto enquanto o mundo acontecia do outro lado da janela. Ensinamos fantasias aos nossos filhos para que seu ingresso na realidade não seja tão amarga e prolongue assim sua visão previlegiada da vida, uma invenção nossa de quando somos crianças.

Deixe a televisão desligada e ela inventa o mundo. Dê-lhe um papel e ela desenha a imaginação. Estenda uma mão e ela vai segurar bem forte, pois em ti ela vê um herói.

Viver não ė fácil, Sarah não compreendia isso, apesar de todas as dificuldades as crianças podem sonhar, e sonhar é um dom que vai cedendo lugar ao despertar cada dia que envelhecemos, então Sarah precisaria quadriplicar seus dias para começar a compreender, mas apesar disso ela já sabia.

Sarah sonha com a vida adulta quando brinca com suas bonecas, de suas relações imagina um mundo fascinante que apenas a inocência de uma criança pode se encantar.

Pedrão chega tarde, assim se chama o boneco casado com sua copia da barbie que ela batizou de Isabela, o nome que acha mais bonito e gostaria de ter sido batizada. Isabela dá uma bronca no seu marido, o desajeitado Pedrão, que por não a ter uma copia de um ken, usa seu ursinho marrom para exercer esse papel.

Já era tarde e Sarah precisa dormir. Sempre ia dar boa noite para seus pais dançando e rodopiando pelo corredor até seu quarto.

Ela não é diferente de outras meninas da sua idade, tem seus medos, suas frustrações, suas expectativas, mas diferentes de nós, ela tem todo o conforto de uma mente repleta de fantasias, que abraça-a quando ela vai-se dormir, arrastando ela por sensações onde apenas o coração de uma criança pode chegar de forma legítima.

É tarde quando se é tarde, mesmo agora quando tento entender quem quero ser. O menino que fui queria ser exatamente quem sou. Um homem adulto.

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