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quarta-feira, 4 de janeiro de 2012

A dor dos meus pés cansados

Existem maneiras de sabermos que estamos vivos, mas apenas uma delas me convence. A dor é a coisa mais real que conheço. Mas mesmo assim, muitas vezes é fácil imaginar, me enganar, e me convencer da dor e assim acreditar que ainda estou vivo.

Meus pés estão doendo, é uma dor quase insuportável, até o momento em que eu esqueço dela. É fácil me distrair com qualquer coisa e nesses instantes deixo de existir.
Preciso de um pouco de paz, mas minha cabeça não permite.

As vezes preciso correr, o mais depressa possível, para que meu coração bata o mais depressa possível. Eu as vezes preciso correr riscos. Mas agora está tudo tão quieto, nem consigo encostar os pés no chão. Não é essa paz que eu quero.

Pensei que seria mais fácil, que apenas não atendendo o telefone, tudo ficaria bem. Mas ele tocou durante semanas, e era sempre eu ligando e ninguém atendia. Por isso resolvi correr, correndo pensei que conseguiria fugir. E no final me encontrei só.

-Porque me chamou aqui se não quer conversar? - Me perguntou Tom naquela tarde

-Não queria ficar sozinho- Respondi

- Você vai continuar sozinho comigo aqui ou comigo distante - Disse Tom - A Solidão é uma doença, e você está doente.

Isso era real, era uma dor real. Saber disso me causava dor, e a dor me permitia existir.
Ainda estava pensativo quando Tom se levantou e foi embora. Não fiz nada para impedir, afinal de contas, ele nunca esteve ali realmente.

Resolvi correr mais um pouco até chegar em casa. Corri o mais rápido que eu pude até cair exausto na porta. Me arrastando escada acima, cheguei até o meu quarto.

Meu corpo começou a esfriar e a dor começou a surgir. Meu pé estava doendo muito.

De repente meu telefone tocou, finalmente era ela, dizendo que se arrependia de tudo o que aconteceu, que se culpava pela dor que eu sentia.
Mas ela não é culpada de nada, fui eu quem decidiu correr, a única dor que sinto é a dor dos meus pés cansados.