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segunda-feira, 16 de julho de 2012

O Mesmo Erro


Quanto mais o as horas passavam, menos sentido tudo aquilo fazia. Era em vão tentar encontrar alguma explicação para tudo aquilo. No ponto em que se encontrava não poderia haver volta, e cada passo para frente era como tentar explicar o início.

Agora o silêncio, ele dominava cada espaço daquela sala, devorando o mínimo som que tentasse incomodá-lo. As lágrimas não faziam som, então elas era bem vindas. Foi quando me levantei, e nada parecia ter acontecido, era a triste sensação da vitória, onde quem havia perdido estava entregue, frágil e sem reação.

Passaram meses, pouca coisa mudou, as ruas continuavam lotadas de pessoas, os carros seguiam seu caminho, as nuvens escondiam o céu seguindo a direção do vento, o sol se erguia e iluminava cada coisa que tocava, as luzes dos postes se apagavam quando suas suas células também eram tocadas. Foi quando eu parei, e percebi que tudo foi calculado, que as histórias estavam se repetindo, que tudo que eu sentiria nessa vida, já foi sentido muitas outras vezes, por muitas outras pessoas em muitas outras ocasiões. 

Por que devo cometer os mesmos erros, os mesmos acertos se tudo se repete infinitamente?
Onde poderia encontrar o novo?

Cheguei em casa naquela tarde, e nada havia mudado, até mesmo as minhas dúvidas eram algo que alguém já havia sentido, nem minha angústia fazia sentido. Peguei o telefone e liguei, e quem me atendeu já não era mais como da última vez que ouvi sua voz.

– O que você quer?- Me questionou com uma frieza que faria minha voz tremer ao responder

– Queria saber como você está…

– Eu estou igual, não mudei nada - Me respondia com a mesma frieza

Não sabia se era bom ou ruim  estar igual. Eu havia mudado, minha percepção havia mudado, minhas idéias haviam mudado. Mas alguém continuava igual, e o igual me assustava. Quando cada segundo imita o segundo anterior, o sentido do futuro se perde por completo. 

Foi quando o silêncio nos fez novamente vítimas até que o som de alguém chorando devorou finalmente o silêncio. Eu também não havia mudado, me enganei, fui cúmplice daquelas lágrimas outra vez e não disse nada. Nossa briga nunca havia chegado ao fim. 

Desliguei o telefone e me deitei no sofá, durante o correr das horas, o calor foi se perdendo e a noite foi ficando cada vez mais fria. Aquilo combinava com aquela situação.

Um Dia Comum


Minha mão segurou as portas do elevador. Quando o elevador abriu e eu entrei percebi que algo havia mudado. Ela não me olhou, não me disse ao menos bom dia, apenas olhou seu relógio e permaneceu em silêncio, apertou o número 15, ela iria descer um andar antes que o meu.

Ela desceu e eu continuei, ela não acrescentou nada ao meu dia, nem um sorriso, nem uma gentileza. Tamanha bobagem ela notar que eu existo...

Quando começou exatamente eu não me lembro, mas tudo é tão comum que passei a acreditar que isso sempre foi assim. Como as pessoas podem ser tão vazias e manipuladoras, como eu posso ser assim?

Bati naquela única porta para negociar minha vida, pagaria um preço alto no 16º andar.
Mas havia uma janela tão grande atrás do gerente, que era muito mais atraente que as formas que ele me oferecia de negociar minhas dívidas. As palavras dele me davam sono, precisava sentir o gosto daquele vento que se escondia atrás daquele sujeito sem expressão, que apenas se importava se eu iria pagá-lo. Levantei da cadeira e fui até a janela

– Aconteceu alguma coisa? - me perguntou o gerente

– Sim, nunca vou conseguir te pagar...

– Estou oferecendo um boa forma de parcelamento. Vai se enquadrar dentro do seu orçamento senhor - argumentou o gerente

– Você quer me matar aos poucos, prefiro quitar minha dívida á vista...

Abri a janela e saltei, eram 16 andares, pulando dessa altura eu não poderia sobreviver. 

Naquela manhã quando abri meus olhos, ao meu lado na cama vi que estava uma mulher dormindo. Por que preciso me matar todas as noites, se pela manhã tudo é igual?
Ainda faltava algum tempo para me levantar, mas ela se levantou antes olhou bem fundo em meus olhos e me disse?

– Você comete os mesmos erros que ele cometia, você me usava quando eu achei que estava me amando. Fui uma tola, por isso acho que você merece cada lágrima, cada arrependimento, cada angustia. Só não precisava ser tudo isso em dobro, eu também sofro do mesmo mal, no mesmo instante. Eu sofro agora o que você também sofre...

– Do que você está falando? - Não conseguia entender o que estava acontecendo

– Melhor a gente terminar…

Ela se levantou e foi embora, fiquei sem saber o que dizer, por isso ela se foi em silêncio. 
Não disse nada, porque na hora não consegui me lembrar do nome dela. Eu não sabia onde ela terminava e eu começava, seria mais justo chama-la de EU.

Tomei o café da manhã e segui pela rua, era mais fácil pensar andando do que sentado no carro. Perdi algo muito importante aquela manhã, agora seguia para reconquistar minha dignidade. 

Comecei a pensar que ela talvez não fosse a pessoa certa mesmo, que precisava conhecer outras pessoas. Entrei no prédio da financiadora e vi uma  mulher muito bonita e sorridente pedindo informação na recepção, ela contagiava as pessoas com sua presença, ela cativava sorrisos. Pensei comigo: "É uma pessoa assim que quero conhecer, eu quero a alegria dela na minha vida".

Eu fiquei encantado com ela, Talvez as coisas começariam a fazer sentido, ela tinha ido embora para que eu pudesse conhecer aquela mulher. Vi ela seguindo para o elevador, e apertei meus passos para alcançá-la...

Hoje tinha tudo para ser um dia comum...